terça-feira, 25 de agosto de 2009

Caetano

"Com alguns homens foi feliz com outros foi mulhe..."

"Teu cabelo preto
Explícito objeto
Castanhos lábios
Ou pra ser exato
Lábios cor de açaí..."

terça-feira, 7 de abril de 2009

Crônica do Amor

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.
O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.
Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.
Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.
Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.Você ama aquela petulante.
Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem noódio vocês combinam. Então?
Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem amenor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.
Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você amaeste cara?
Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.
É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucurapor computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.
Não funciona assim. Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.
Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.

Arnaldo Jabor


P.S.: bem, não concordo, mas...

Fugalaça

"...acho que nasci com um espiríto shakesperiano. Talvez tivesse ouvido a historia de Romeu e Julieta vezes demais e colocado na cabeça que não podia morrer de nada além de amo..."

Mayra

domingo, 5 de abril de 2009

sábado, 4 de abril de 2009

Desencontro - A Descoberta do Mundo

Eu te dou pão e preferes ouro.

Eu te dou ouro, mas tua fome legítima é de pão.


Clarice Lispector

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Cigarro

Para Joanne


A solidão é meu cigarro
Não sei de nada e não sou de ninguém
Eu entro no meu carro e corro
Corro demais só pra te ver, meu bem
Um vinho, um travo amargo e morro
Eu sigo só porque é o que me convém
Minha canção é meu socorro
Se o mar virar sertão, o que é que tem?

Dias vão, dias vêm, uns em vão, outros nem
Quem saberá a cura do meu coração se não eu?
Não creio em santos e poetas
Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu
Melhor é dar razão a quem perdoa
Melhor é dar perdão a quem perdeu
O amor é pedra no abismo
Há meio passo entre o mal e o bem
Com meus botões à noite cismo
Pra que os trilhos, se não passa o trem?

Os mortos sabem mais que os vivos
Sabem o gosto que a morte tem
Pra rir tem todos os motivos
Os seus segredos vão contar a quem?

zeca baleiro

antes

"Em cada esquina, um romance
Pelas verdades banais
Pelas mentiras brilhantes..."
zeca baleiro

segunda-feira, 30 de março de 2009

Dies Irae - A Descoberta do Mundo

Não, não, o mundo não me agrada. A maioria das pessoas estão mortas e não sabem, ou estão vivas com charlatanismo. E o amor, em vez de dar, exige. E quem gosta de nós quer que sejamos alguma coisa de que eles precisam. Mentir da remorso. E não mentir é um dom que o mundo não merece. (...) E ter a obrigação de ser o que se chama apresentável me irrita. (...)
E os que desistirem? Conheço uma mulher que desisitiu. E vive razoavelmente bem: o sistema que arranjou para viver é ocupar-se. Nenhuma ocupação lhe agrada. Nada do que eu já fiz me agrada. E o que eu fiz com amor estraçalhou-se. Nem amar eu sabia, nem amar eu sabia...

Clarice Lispector

Escândalo Inútil - A Descoberta do Mundo

"... muitos homens preferem pagar, exatamente para não terem afeto nem sentimento, exatamente para humilharem e serem humilhados. A fuga ao amor é um fato. Paga-se para fugir. Até homem casado gosta, às vezes, de sustentar a casa para transformar a esposa em objeto pago."

Clarice Lispector

quinta-feira, 26 de março de 2009

quarta-feira, 25 de março de 2009

"Os peixes não tem honras nem horizontes."

sobre nada

"Não gosto de palavra acostumada."
Manoel de Barros

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Nunca - Para uma quarta-feira de cinzas

Nunca
Nem que o mundo caia sobre mim
Nem se Deus mandar
Nem mesmo assim
As pazes contigo eu farei

Nunca
Quando a gente perde a ilusão
Deve sepultar o coração
Como eu sepultei

Saudade
Diga a esse moço por favor
Como foi sincero o meu amor
Quanto eu te adorei
Tempos atrás

Saudade
Não se esqueça também de dizer
Que é você quem me faz adormecer
Pra que eu viva em paz
Lupicínio Rodrigues/Jamelão

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Carnaval

bom carnaval

À palo seco


Por força deste destino,
Um tango argentino
Me vai bem melhor que um blues.
Belchior

Paralelas


"...esta semana, o mar sou eu"

Belchior

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Diálogo extraído do roteiro de Total Eclipse, 1995. Filme dirigido pela Polonesa Agnieszka Holland e estrelado por Leonardo Di Caprio, que fez o papel de Rimbaud.

Verlaine: O que você acha de minha esposa?

Rimbaud: Não sei. O que você acha dela?

Verlaine: Ela ainda é muito criança.

Rimbaud: Eu também.

(pausa)

Verlaine: (para o garçom) Dois absintos...

Rimbaud: Esse seu último livro...

Verlaine: Sim...

Rimbaud: ...não é lá essas coisas.

Verlaine: Não está falando sério.

Rimbaud: Puro lixo pré-matrimonial.

Verlaine: Não. São poemas de amor. Muita gente gostou.

Rimbaud: Não passam de uma mentira.

Verlaine: Não são uma mentira, eu amo minha mulher.

Rimbaud: Amor...

Verlaine: Sim.

Rimbaud: Isso não existe.

Verlaine: O que quer dizer?

Rimbaud: O que une as famílias e os casais, isto não é amor. É burrice, egoísmo, ou medo. O amor não existe.

Verlaine: Você está enganado.

Rimbaud: O interesse próprio existe, a união para proveitos pessoais existe, a complacência existe. Não o amor. O amor tem de ser reinventado.

Verlaine: Eu amo o corpo dela.

Rimbaud: Há outros corpos.

Verlaine: Não. Eu amo o corpo de Matilde.

Rimbaud: E a alma não?

Verlaine: Acho mais importante amar o corpo do que amar a alma, afinal a alma pode ser imortal. Terei muito tempo para a alma, enquanto a carne...

Rimbaud: (roncando)

Verlaine: O que foi? É o meu amor pela carne que me mantém fiel.

Rimbaud: Fiel. O que quer dizer com isso?

Verlaine: Sou fiel a todos a quem amei. Se amei um dia, amarei para sempre...e quando estou sozinho à noite ou pela manhã, posso fechar meus olhos e celebrar a todos.

Rimbaud: Isto não é fidelidade. É nostalgia. Não espere fidelidade de mim.

Verlaine: Aaah... por que está tão azedo comigo?

Rimbaud: Porque você precisa disso.

Verlaine: Já não basta saber que amo você mais do que ninguém? E que sempre amarei?

Rimbaud: Ah, cale essa boca, seu bêbado choramingas.

Verlaine: Diga que me ama.

Rimbaud: Ah, pelo amor de Deus.

Verlaine: Por favor, é importante para mim, diga...

Rimbaud: Você sabe que gosto de você.

Verlaine: Fiz umas compras hoje de manhã. Comprei um revólver.

Rimbaud: E pra quê?

Verlaine: Para você, para mim, para todos.

Rimbaud: Espero que tenha comprado munição suficiente pra todo mundo.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Vênus

Quando a sua voz me falou: vamos
Eu vi deus sentado em seu trono: vênus
A religião que nós dois inventamos
Merece um definitivo talvez... pelo menos

Perceba que o que me configura
É sempre essa beleza
Que jorra do seu jeito de olhar
Do seu jeito de dar amor
Me dar amor

Não te dei nada que seja impuro
No futuro também vai ser assim
Se hoje amanheceu um dia escuro
Foi porque capturei o sol pra mim

Perceba que o que te configura
É sempre essa beleza
Que jorra do meu jeito de olhar
Do meu jeito de dar amor
Te dar amor

Perceba que o que nos configura
É sempre essa beleza
Que jorra do nosso jeito de olhar
Nosso jeito de dar amor
Nos dar amor

Não falo do amor romântico,
Aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento.
Relações de dependência e submissão, paixões tristes.
Algumas pessoas confundem isso com amor.
Chamam de amor esse querer escravo,
E pensam que o amor é alguma coisa
Que pode ser definida, explicada, entendida, julgada.
Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro,
Antes de ser experimentado.
Mas é exatamente o oposto, para mim, que o amor manifesta.
A virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado.
O amor está em movimento eterno, em velocidade infinita.
O amor é um móbile.Como fotografá-lo?Como percebê-lo?
Como se deixar sê-lo?
E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor nos domine?
Minha resposta? o amor é o desconhecido.
Mesmo depois de uma vida inteira de amores,
O amor será sempre o desconhecido,
A força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão.
A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação.
O amor quer ser interferido, quer ser violado,
Quer ser transformado a cada instante.

A vida do amor depende dessa interferência.
A morte do amor é quando, diante do seu labirinto,
Decidimos caminhar pela estrada reta.
Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos,
E nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim.
Não, não podemos subestimar o amor não podemos castrá-lo.

O amor não é orgânico.
Não é meu coração que sente o amor.
É a minha alma que o saboreia.
Não é no meu sangue que ele ferve.
O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito.
Sua força se mistura com a minha
E nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu
Como se fossem novas estrelas recém-nascidas.
O amor brilha como uma aurora colorida e misteriosa,
Como um crepúsculo inundado de beleza e despedida,
O amor grita seu silêncio e nos dá sua música.
Nós dançamos sua felicidade em delírio
Porque somos o alimento preferido do amor,
Se estivermos também a devorá-lo.

O amor, eu não conheço.
E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo,
Me aventurando ao seu encontro.
A vida só existe quando o amor a navega.
Morrer de amor é a substância de que a vida é feita.
Ou melhor, só se vive no amor.
E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto.

Paulinho Moska

sábado, 24 de janeiro de 2009

Carta de Amor*

7 de Julho


Bom dia! Todavia, na cama se multiplicam os meus pensamentos em ti, minha amada imortal; tão alegres como tristes, esperando ver se o destino quer ouvir-nos. Viver sozinho é-me possível, ou inteiramente contigo, ou completamente sem ti. Quero ir bem longe até que possa voar para os teus braços e sentir-me num lugar que seja só nosso, podendo enviar a minha alma ao reino dos espíritos envolta contigo. Tu concordarás comigo, tanto mais que conheces a minha fidelidade, e que nunca nenhuma outra possuirá meu coração; nunca, nunca… Oh, Deus! Por que viver separados, quando se ama assim?

Minha vida, o mesmo aqui que em Viena: sentindo-me só, angustiado. Tu, amor, tens-me feito ao mesmo tempo o ser mais feliz e o mais infeliz. Há muito tempo que preciso de uma certeza na minha vida. Não seria uma definição quanto ao nosso relacionamento?… Anjo, acabo de saber que o correio sai todos os dias. E isso me faz pensar que tu receberás a carta em seguida.

Fica tranquila. Contemplando com confiança a nossa vida alcançaremos o nosso objectivo de vivermos juntos. Fica tranquila, queiras-me. Hoje e sempre, quanta ansiedade e quantas lágrimas pensando em ti… em ti… em ti, minha vida… meu tudo! Adeus… queiras-me sempre! Não duvides jamais do fiel coração de teu enamorado Ludwig.


Eternamente teu, eternamente minha, eternamente nossos.

Ludwig van Beethoven

Mar e Lua*

Amaram o amor urgente
As bocas salgadas pela maresia
As costas lanhadas pela tempestade
Naquela cidade
Distante do mar
Amaram o amor serenado
Das noturnas praias
Levantavam as saias
E se enluaravam de felicidade
Naquela cidade
Que não tem luar

Amavam o amor proibido
Pois hoje é sabido
Todo mundo conta
Que uma andava tonta
Grávida de lua
E outra andava nua
Ávida de mar
E foram ficando marcadas
Ouvindo risadas, sentindo arrepio
Olhando pro rio tão cheio de lua
E que continua
Correndo pro mar
E foram correnteza abaixo
Rolando no leito
Engolindo água
Rolando com as algas
Arrastando folhas
Carregando flores
E a se desmanchar
E foram virando peixes
Virando conchas
Virando seixos
Virando areia
Prateada areia
Com lua cheia
E à beira-mar

Chico Buaque